sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Cerâmica na História...


É provavel que o homem tenha descoberto a cerãmica ao observar a transformação do barro ao fogo. Imagine que alguém tenha feito uma fogueira e perto desta, tinha um pouco de barro. O barro próximo ao fogo, foi cozinhado aos poucos até se tornar muito resistente. Após ver esta transformação, pode ter percebido que poderia criar objetos que lhe poderia ser útil.
Foi em 7000 a.c. que os homens aprenderam a cozinhar a argila no fogo para fazer a cerâmica. Agora além de cestas de vime, era possível fazer moringas e jarros resistentes. Os alimentos podiam ser cozidos em panelas. A água podia ser transportada pra outros lugares. E logo os artesões procuraram fazer vasos com formas e desenhos bonitos, porque a arte e o trabalho andavam de mãos dadas.
As rodas também eram utilizadas pelos oleiros (artesãos que trabalham com argila) para girar velozmente o barro e fazer belos vasos e moringas com base perfeitamente redonda.
Para se defenderem dos ataques inimigos, a pessoas faziam suas casas próximas umas das outras e levantavam muros de barro cozido. Daí foram erguidas as primeiras cidades.
Os primeiros sinais de escrita foram feitas em placas de barro. A escrita era cuneiforme, ou seja, em forma de cunha. com um palitinho, a pessoa cunhava os símbolos na argila ainda macia.
Com sua imaginação sem fim, o ceramista modela e cria na argila. Criando assim, sua própria cultura.



Kyoko Shimizu



Pequena, frágil, com essa modéstia característica dos verdadeiros artistas, que não posam no ângulo perfeito da câmera, kyoko nos deleita com esta nova amostra da sua arte produto de muitos anos de aprendizagem e amor, naqueles que ela soube interpretar o majestoso silencio da nossa natureza.

E que melhor cenário que o nosso país carregado de telúricas mensagens para aqueles que “sabe olhar e sentir”. Kyoko sente a “respiração em seus frutos, nas suas criaturas, na sua cerâmica toda”. Ela transcende a simples contemplação e se faz dona do espírito da nossa tradição para sonhar com ela, para difundir-se em seu sopro criativo e instaurar um novo equilíbrio entre seu ser e a natureza.

Imagino kyoko com suas pequenas mãos recriando a vida dos nossos antigos Vicús, o barro deslizando-se dócil adquirindo formas, texturas e cores. Kyoko não se detêm. Ela busca a perfeição, o retrato exato de não sabemos que misteriosa imagem que já esta impressa no seu espírito e que ao nascer se torna uma.

O curso sinuoso de nossos rios, as alturas e baixadas de nossas montanhas, as cores de nosso céu com suas espessas nuvens, transitam na obra de kyoko,viva, intactas. O tempo não existe, o ontem, o hoje e o amanhã se estreitam num abraço respeitoso, a artista com essa peculiar visão que tem os verdadeiros criadores, lhes busca acomodação, os entrelaça criando um mundo paralelo onde nos conta a história de um espaço mágico.

Entre traços firmes e evocações respeitosas esta artista japonesa consegue ingressar no mistério da terra, furta suas cores, as transforma. Nascem suas criaturas e kyoko com simplicidade sem pressa nos entrega como uma homenagem silenciosa este nosso Peru que só pode dizer-lhe: obrigado kyoko por tuas mãos privilegiadas por tua sensibilidade, por amar a nossa terra e ter sabido apreciar sua beleza.



Otilia Navarrete

Escritora

Lima 2007.